O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um distúrbio neurobiológico que atinge milhões de pessoas no mundo. Além disso, para diagnosticá-lo corretamente, é preciso uma avaliação cuidadosa e multidisciplinar, que inclui análise clínica, histórico médico e, quando necessário, exames complementares.
Muita gente acredita que o TDAH se resume a hiperatividade ou dificuldade de concentração, mas a realidade é mais complexa. Na verdade, esse transtorno pode prejudicar o rendimento nos estudos, afetar relacionamentos e até trazer desafios no trabalho. Por esse motivo, um diagnóstico correto é essencial, pois ele garante que o tratamento funcione da melhor maneira.

O que é o TDAH?
O TDAH é um transtorno do neurodesenvolvimento que se manifesta por meio de três características principais: desatenção, hiperatividade e impulsividade. Embora esses sintomas costumem surgir na infância, é importante destacar que muitas vezes eles continuam na fase adulta, exigindo acompanhamento ao longo da vida.
A ciência comprova que o TDAH tem raízes genéticas significativas, mas fatores ambientais — como a exposição a toxinas durante a gestação — também contribuem para o seu surgimento. Além disso, é fundamental esclarecer que o TDAH não surge devido a erros na criação ou à indisciplina, mas sim a diferenças na estrutura e no funcionamento cerebral.
Diagnóstico de TDAH
Para diagnosticar o TDAH adequadamente, é essencial que profissionais qualificados – como psiquiatras, neurologistas e psicólogos – devem realizar uma avaliação detalhada. Vale ressaltar que essa análise difere conforme a idade do paciente, pois crianças e adultos apresentam sintomas distintos.
Diagnóstico em Crianças
Crianças com TDAH têm dificuldade para se concentrar, seguir instruções ou ficar paradas em momentos que exigem tranquilidade. Além disso, tanto os professores quanto os pais costumam perceber esses comportamentos primeiro, já que eles podem atrapalhar o aprendizado e a convivência com outras crianças.
Para diagnosticar o TDAH em crianças, os médicos usam os critérios do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5). Primeiramente, eles verificam se os sintomas duram pelo menos seis meses, se aparecem em mais de um lugar (como em casa e na escola) e se afetam significativamente a vida da criança. Em seguida, aplicam questionários e entrevistam familiares e professores para confirmar o diagnóstico.
Outro passo importante é descartar outras causas possíveis, como ansiedade, depressão ou problemas de audição. Além disso, em alguns casos, o médico pode pedir exames complementares, como avaliações neuropsicológicas, para ter certeza do diagnóstico.
Diagnóstico em Adultos
Muitos adultos com TDAH não foram diagnosticados quando crianças.. Isso acontece porque, em alguns casos, os sintomas eram mais leves ou até mesmo confundidos com “falta de disciplina”. No entanto, o transtorno não desaparece com a idade e pode, na verdade, continuar afetando a vida profissional, os relacionamentos e a organização pessoal.
Para diagnosticar o TDAH em adultos, o médico analisa cuidadosamente a história de vida da pessoa, desde a infância até o presente. Primeiramente, ele busca sinais de desatenção, impulsividade ou hiperatividade que tenham causado problemas ao longo dos anos. Além disso, testes psicológicos e relatos de familiares ou parceiros ajudam a confirmar o diagnóstico.
É importante destacar que muitos adultos com TDAH criam estratégias para compensar suas dificuldades, como fazer listas intermináveis ou consumir muita cafeína para se manterem focados. Por esse motivo, apenas um especialista experiente consegue identificar esses padrões mais sutis e garantir uma avaliação precisa.
Quais São os Testes para Detectar o TDAH?
Diagnosticar TDAH não depende de um único teste. Na verdade, esse processo segue uma avaliação clínica minuciosa, a qual está alinhada com os critérios oficiais dos dois sistemas diagnósticos mais reconhecidos mundialmente: o DSM-5-TR (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) e o CID-11 (Classificação Internacional de Doenças).
Para compreender melhor como funciona essa identificação, a seguir explicaremos os principais métodos utilizados por especialistas para detectar o TDAH em em crianças e adultos.
1. Avaliação Clínica e Entrevista Diagnóstica
O processo diagnóstico começa com uma consulta especializada, conduzida por psiquiatras, neurologistas ou psicólogos qualificados. Durante a avaliação, o profissional investiga sistematicamente quatro aspectos fundamentais:
- Histórico de sintomas (há quanto tempo persistem, em quais situações aparecem);
- Impacto na vida diária (dificuldades no trabalho, estudos ou relacionamentos);
- Histórico familiar (se há outros casos de TDAH na família);
- Possíveis condições associadas (ansiedade, depressão, dislexia).
No caso de crianças, os especialistas complementam a análise coletando informações diretamente com pais e educadores. Essa abordagem multidimensional permite entender como os sintomas se comportam em diferentes ambientes – casa, escola e contextos sociais.
2. Questionários e Escalas de Avaliação
Os especialistas utilizam instrumentos padronizados para avaliar a intensidade dos sintomas, sendo estes os mais relevantes:
A) Escala SNAP-IV
A escala avalia os três principais sintomas do transtorno: falta de atenção, hiperatividade e impulsividade. Ela pode ser usada tanto por crianças quanto por adultos, mostrando-se muito útil no diagnóstico. Além disso, um ponto importante é que não apenas o próprio paciente pode responder ao questionário, mas também pais e professores. Dessa forma, é possível ter uma visão mais completa do comportamento em diferentes situações do dia a dia.
B) Escala ASRS (Adult ADHD Self-Report Scale)
A Organização Mundial da Saúde (OMS) criou essa escala para avaliar adultos que possam ter TDAH. A ferramenta inclui 18 perguntas específicas, todas desenvolvidas a partir dos critérios de diagnóstico do DSM-5.
C) Escala Conners (CPT – Continuous Performance Test)
Esse teste computadorizado mede, de forma objetiva, dois pontos essenciais do TDAH: a capacidade de manter o foco e o controle sobre impulsos. Além disso, ele ajuda no diagnóstico diferencial, pois permite que profissionais diferenciem o TDAH de outros problemas com sintomas parecidos, como transtornos de ansiedade. Por ser digital, o teste gera dados precisos em números, que complementam a avaliação clínica tradicional.
3. Avaliação Neuropsicológica (Testes Cognitivos)
Em certos casos, os profissionais utilizam testes específicos para avaliar funções cerebrais ligadas ao TDAH. Os principais são:
- Teste de Atenção Sustentada (TAVIS, TOVA) – Avalia por quanto tempo a pessoa consegue manter a concentração em uma tarefa.
- Teste de Memória – Verifica a capacidade de armazenar e usar informações rapidamente.
- Teste de Funções Executivas – Analisa habilidades como organização, planejamento e controle de impulsos.
Esses exames ajudam a confirmar o diagnóstico e descartar outras condições, como dislexia ou transtornos de aprendizagem.
4. Exames Complementares (Para Descartar Outras Causas)
Embora não exista um exame de sangue ou imagem que detecte o TDAH, alguns testes podem ser solicitados para excluir outras condições, como:
- Exames de sangue (para verificar deficiências nutricionais, como ferro ou vitamina D);
- Eletroencefalograma (EEG) (em casos suspeitos de epilepsia);
- Ressonância Magnética (RM) (para descartar lesões cerebrais raras).
5. Observação Comportamental (Principalmente em Crianças)
Em crianças, o médico pode solicitar:
- Relatórios escolares (para avaliar desempenho e comportamento em sala de aula);
- Sessões de observação (em ambiente clínico ou escolar);
- Registros dos pais (diários de comportamento, por exemplo).
Existem Quantos Tipos de TDAH e Quais São Eles?
De acordo com o DSM-5, existem três tipos principais do transtorno, e cada um apresenta características distintas.
Tipo Desatento
Pessoas com TDAH do tipo desatento enfrentam sérias dificuldades para se concentrar, principalmente em atividades prolongadas ou repetitivas. Frequentemente, elas parecem distraídas, esquecem compromissos ou perdem objetos com facilidade. No entanto, ao contrário do senso comum, essa característica não indica baixa inteligência — muitas vezes, esses indivíduos têm insights brilhantes, mas encontram obstáculos para estruturá-los de maneira organizada.
Nas crianças, esse subtipo pode ser menos notado, pois não demonstram hiperatividade marcante. Já os adultos costumam lidar com desafios profissionais, como atrasos em prazos ou falhas por desatenção. Felizmente, estratégias práticas — como fragmentar tarefas em etapas menores e utilizar lembretes visuais — costumam trazer melhorias significativas.
Tipo Hiperativo/Impulsivo
No tipo hiperativo-impulsivo do TDAH, os sintomas predominantes são a hiperatividade e a impulsividade. As crianças com esse perfil frequentemente apresentam dificuldade em permanecer sentadas, tendem a falar em excesso e agem de forma impensada. Já nos adultos, essa inquietação se traduz numa necessidade incessante de se movimentar e numa tendência a interromper diálogos.
A impulsividade, por sua vez, frequentemente resulta em escolhas precipitadas – desde gastos financeiros desmedidos até mudanças profissionais abruptas. Vale destacar que abordagens como a terapia cognitivo-comportamental, aliada a técnicas de regulação emocional, são especialmente úteis para gerenciar esses comportamentos.
Tipo Combinado
O tipo combinado de TDAH, sendo o mais prevalente, integra simultaneamente características de desatenção e hiperatividade-impulsividade. Indivíduos com essa condição experienciam um duplo desafio: precisam sustentar o foco enquanto administram níveis elevados de energia que frequentemente fogem ao seu controle.
Para estabelecer o diagnóstico, é fundamental observar pelo menos seis sintomas de cada domínio em crianças, ou cinco em adultos. A abordagem terapêutica mais eficaz normalmente envolve três pilares: tratamento medicamentoso, intervenção psicológica e modificações comportamentais, que juntos visam otimizar o desempenho nas atividades diárias.
Sinais do TDAH: Quais São Todos Eles?
Os sintomas do TDAH variam, mas podem ser agrupados em três categorias:
Desatenção
- Dificuldade em manter a atenção em tarefas longas;
- Erros por descuido em atividades cotidianas;
- Parece não ouvir quando chamado;
- Evita tarefas que exigem esforço mental prolongado.
inais de Hiperatividade
- Inquietação, batucar com as mãos ou balançar as pernas;
- Dificuldade em ficar sentado por muito tempo;
- Fala excessiva;
- Sensação de estar “ligado no 220”.
Impulsividade
- Respostas precipitadas antes de ouvir a pergunta completa;
- Dificuldade em esperar a vez;
- Interrompe conversas ou atividades alheias.
Se vários desses sintomas estiverem presentes há mais de seis meses e causarem prejuízos significativos, é hora de buscar uma avaliação profissional.
Conclusão
O diagnóstico do TDAH é um processo cuidadoso, que envolve avaliação clínica, histórico de comportamento e, muitas vezes, a colaboração de familiares e educadores. Saber identificar os sintomas e entender os diferentes tipos do transtorno facilita a busca por tratamento adequado.
Se você ou alguém próximo apresenta características do TDAH, procurar um especialista é fundamental. Vale ressaltar que, quando acompanhado do suporte profissional adequado, o TDAH pode ser efetivamente gerenciado.